SEUL, 12 Nov 2010 (AFP) -O G20, muito elogiado como o melhor fórum de ação contra a crise financeira que se instalou no mundo em 2008, acabou por demonstrar na cúpula de Seul suas dificuldades para superar as divergências que dominam a economia planetária, apesar de, segundo os especialistas, isso ser melhor que as guerras comerciais travadas antigamente. As duas maiores economias do planeta, Estados Unidos e China, mantêm um duro confronto, no qual Washinton acusa Pequim de manter artificialmente desvalorizada sua moeda para favorecer suas exportações, que não param de desequilibrar a balança comercial em favor do gigante asiático.
Com a rivalidade sino-americana como fundo, o Grupo das 20 principais economias industrializadas e emergentes terá sempre dificuldades em negociar um pacto que retifique os desajustes do comércio internacional.
No entanto, os analistas asseguraram que é melhor que as grandes potências econômicas cruzem suas diferenças num fórum multilateral do que iniciem guerras comerciais ou fechem-se num isolamento próprio dos anos 1930.
"Em Seul, houve demasiado confronto sobre moedas, déficits e exportações para que os líderes do G20 pudessem obter algum grande avanço", observa David Shorr, especialista em diplomacia da Fundação Stanley, com sede nos Estados Unidos.
"Mas também houve preocupação suficiente para se evitar um fracasso", ressaltou.
Os chefes de Estado e de Governo do grupo acertaram se abster "de uma desvalorização competitiva das moedas e a trabalhar para reequilibrar as contas correntes países exportadores e importadores".
Os mercados financeiras não se mostraram nada surpreendidos. Adam Cole, chefe de estratégia de divisas no RBC Capital Markets de Londres, disse que o comunicado final "dificilmente poderia ter sido mais descafeinado".
A linguagem utilizada para referir-se à correção dos desequilíbrios de contas correntes estava muito longe da mudança desejada pelo presidente Barack Obama. Mas depois do revés sofrido por seu Partido Democrata nas eleições legislativas de meio mandato, o presidente promoveu, durante seu giro asiático, planos favoráveis à criação de emprego nos Estados Unidos.
No entanto, Obama comentou que era notável que, apesar das tensões da cúpula, todos "estivessem fazendo o trabalho".
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou, por sua parte, que a tarefa de reequilibrar as contas correntes "está sendo discutida em um meio multilateral adequado", que exclui "recorrer a medidas de retorsão e políticas egoístas".
O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, reconheceu que é "mais difícil organizar a cooperação agora que as pessoas acreditam que a crise acabou". Mesmo assim, se declarou muito otimista.
Para o presidente chinês Hu Jintao e outros líderes, como o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ou a chanceler alemã Angela Merkel, a principal ameaça para a economia mundial não vem das potências exportadoras, e sim da política monetária americana, que consideram laxistas.
Suas críticas se intensificaram depois do anúncio na semana passada, por parte do Fed americano, de sua intenção de injetar 600 bilhões de dólares suplementares para apoiar a economia da primeira potência mundial.
Segundo esses líderes, essa iniciativa desvalorizará o dólar, o que provocará uma perda de competitividade dos países exportadores e propiciará a entrada nos países emergentes de capitais especulativos suscetíveis de formar bolhas.
Kim Sang-Jo, professor de economia da Universidade Hansung, de Seul, explicou que ao menos se ganhou tempo para que o G20 continue o debate nos próximos meses, num contexto mais suave entre ministros das Finanças.
Mas alertou: "O G20 representa um sistema de coordenação internacional lasso que dificilmente pode adotar normas vinculantes".
bur-jit/cn
Com a rivalidade sino-americana como fundo, o Grupo das 20 principais economias industrializadas e emergentes terá sempre dificuldades em negociar um pacto que retifique os desajustes do comércio internacional.
No entanto, os analistas asseguraram que é melhor que as grandes potências econômicas cruzem suas diferenças num fórum multilateral do que iniciem guerras comerciais ou fechem-se num isolamento próprio dos anos 1930.
"Em Seul, houve demasiado confronto sobre moedas, déficits e exportações para que os líderes do G20 pudessem obter algum grande avanço", observa David Shorr, especialista em diplomacia da Fundação Stanley, com sede nos Estados Unidos.
"Mas também houve preocupação suficiente para se evitar um fracasso", ressaltou.
Os chefes de Estado e de Governo do grupo acertaram se abster "de uma desvalorização competitiva das moedas e a trabalhar para reequilibrar as contas correntes países exportadores e importadores".
Os mercados financeiras não se mostraram nada surpreendidos. Adam Cole, chefe de estratégia de divisas no RBC Capital Markets de Londres, disse que o comunicado final "dificilmente poderia ter sido mais descafeinado".
A linguagem utilizada para referir-se à correção dos desequilíbrios de contas correntes estava muito longe da mudança desejada pelo presidente Barack Obama. Mas depois do revés sofrido por seu Partido Democrata nas eleições legislativas de meio mandato, o presidente promoveu, durante seu giro asiático, planos favoráveis à criação de emprego nos Estados Unidos.
No entanto, Obama comentou que era notável que, apesar das tensões da cúpula, todos "estivessem fazendo o trabalho".
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou, por sua parte, que a tarefa de reequilibrar as contas correntes "está sendo discutida em um meio multilateral adequado", que exclui "recorrer a medidas de retorsão e políticas egoístas".
O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, reconheceu que é "mais difícil organizar a cooperação agora que as pessoas acreditam que a crise acabou". Mesmo assim, se declarou muito otimista.
Para o presidente chinês Hu Jintao e outros líderes, como o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva ou a chanceler alemã Angela Merkel, a principal ameaça para a economia mundial não vem das potências exportadoras, e sim da política monetária americana, que consideram laxistas.
Suas críticas se intensificaram depois do anúncio na semana passada, por parte do Fed americano, de sua intenção de injetar 600 bilhões de dólares suplementares para apoiar a economia da primeira potência mundial.
Segundo esses líderes, essa iniciativa desvalorizará o dólar, o que provocará uma perda de competitividade dos países exportadores e propiciará a entrada nos países emergentes de capitais especulativos suscetíveis de formar bolhas.
Kim Sang-Jo, professor de economia da Universidade Hansung, de Seul, explicou que ao menos se ganhou tempo para que o G20 continue o debate nos próximos meses, num contexto mais suave entre ministros das Finanças.
Mas alertou: "O G20 representa um sistema de coordenação internacional lasso que dificilmente pode adotar normas vinculantes".
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