sábado, 13 de novembro de 2010

G-20 não apoia EUA em disputa sobre moeda com a China

Os líderes das 19 economias mais industrializadas do mundo evitaram apoiar os esforços dos Estados Unidos para pressionar a China a valorizar sua moeda, o yuan, o que manteve viva a disputa entre Pequim e Washington e aumenta os temores de uma guerra cambial no futuro, em meio a declarações de que as exportações chinesas aos EUA estão custando empregos de norte-americanos. Ao final da cúpula, os 20 líderes concordaram em divulgar um comunicado recatado, no qual assinalaram apenas que todos estão de acordo em evitar uma "desvalorização competitiva" das suas moedas.

A declaração tem pouco peso porque geralmente os países só desvalorizam suas moedas em condições extremas, como uma grave crise financeira. O fato do G-20 não ter aprovado a posição norte-americana ressalta a perda relativa de influência de Washington no cenário internacional, especialmente nos temas econômicos.

Washington alega que Pequim mantém o yuan artificialmente fraco para obter vantagens comerciais. Mas a posição americana se enfraqueceu, após a decisão do Federal Reserve (banco central dos EUA) de imprimir US$ 600 bilhões para comprar títulos do governo e aumentar a liquidez da sua economia, o que enfraquece o dólar.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acusou de maneira ríspida a China, nesta sexta-feira, de manter sua moeda "subvalorizada" e disse que insiste em um acordo comercial com a Coreia do Sul onde todos sejam vencedores. Um Obama mais agressivo disse aos repórteres em Seul, logo antes de partir para o Japão, que a cúpula do G-20, grupo das 20 economias mais industrializadas, fez progresso em estabilizar a economia mundial, a qual ele acredita agora está "no caminho da recuperação". Mas Obama alertou que os países se arriscam a retroceder se não trabalharem duro para promover o crescimento econômico sustentado, acabar com práticas comerciais injustas e com a manipulação no câmbio.

Obama argumentou que "os países com grandes superávits (comerciais) precisam mudar e acabar com sua dependência não saudável às exportações" e afirmou que a taxa de câmbio precisa "refletir realidades econômicas".

Obama disse que a política monetária chinesa é "irritante" não só para os EUA, como para muitos dos sócios comerciais dos americanos. As economias do G-20, que representa não só os países mais desenvolvidos, como também os principais emergentes, como Brasil, Argentina e México, somam 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

"A China gasta uma quantidade enorme de dinheiro para intervir no mercado e manter o yuan subvalorizado, por isso é importante que a China passe para um sistema baseado no mercado", afirmou Obama.

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